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OPINIÃO: Na mão



Mais profunda, eficaz, no entanto, agora, real. Avizinhando-se, já quase chegando, a chance da tão esperada reforma política bate às portas do país. Outra vez. 

Desde a redemocratização da década de 1980, com o especial advento da Constituição Federal de 1988 a materializar legalmente a possibilidade de protagonismo por cada brasileiro, somos instados a agir responsavelmente pelos destinos que só a nós cabe definição.

Não existe democracia sem política, tampouco política sem políticos, realidade inegável, fatos irrecorríveis dos quais não podemos nos afastar nem ignorar, para o nosso próprio bem, coletivo, entendamos.

Para tanto, não é a eliminação da classe de políticos como tantos defendem no exercício de indignação compreensível e até partilhada, mas desproporcional pela intensidade a oportunizar sugestões inconcebíveis aos olhos da razão. É o seu refinamento, sua melhora.

Não se pode abrir mão da democracia, mas apurá-la, aperfeiçoá-la, fortalecê-la, prosseguir forjando sua forma ideal aos nossos anseios.

E, como dito, eis a chance reapresentada, nunca tardia.

De tanto tudo saber e tolerar, antes sem as minúcias que se pode agora perceber pelas deflagrações que permitem enxergar as vísceras da corrupção, nos espantamos. Mas não há verdades novas, apenas descortinadas.

O simulacro de reforma política que veio a efeito, manufaturado pela própria categoria que necessita de depuração, foi feito enquanto a população, em lugar de raciocinar, vociferava indignada, mas distraída. Estanquemos a gritaria para dar vez ao critério.

Elevemos o grande instrumento, mesmo que seja ele somente mais um dos tantos que o regime democrático é capaz de alcançar ao cidadão: o voto.

Os descrentes, ou cansados, desanimados, dirão que se trata de cantilena antiga, já efetivada até antes dos 30 últimos anos de constitucionalidade, por isso, comprovadamente ineficaz.

Mas a verdade é que nunca se teve tantos elementos capazes de tornar o ato de votar realmente consciente da sua importância e das suas consequências, agora em carne viva, disponíveis também aos sempre desavisados ou indiferentes.

A palavra é paciência. Muita paciência para escutar as vozes redundantes, as dissonantes, as contrárias, as vazias, as agradáveis, as palatáveis, as verdadeiras, as falsas e tantas outras de naturezas inéditas que a cada pleito se apresentam. No mesmo passo, calar as vozes ofensivas e as ferozes.

E, novamente, mais paciência para após o processo eleitoral, já que por mais vencedora que seja a bem aventurada e intencionada reforma política pelo voto, só renderá em resultados daqui a décadas. Como estaria resultando agora se houvéssemos tido os mesmos cuidados nas oportunidades anteriores.


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